quarta-feira, 17 de outubro de 2007

Mirar para dentro

O tempo passa como paisagem a 150 km/h ...
O veículo absorve o caminho que fica para trás.
Sintetizo como órgão de digestão da vida.
Sou o eu e o caminho também.
Depois, quando tudo passa, ocorre a mistura,
não cabe mais análise, julgamento ou egocentricidades,
sem definições, vida, móvel, transforma-ativa e dinâmica.
Uma partícula sem matéria, apenas com probabilidade de ser,
e assim mesmo existe.
É um mistério ser,
porém isso não impede de procurar a resposta.
Procurar não consiste em sempre encontrar.
As respostas só chegam na hora certa...
procurar é atitude humilde, não pretende,
realiza-se na busca, aprende com o caminho.
Já o encontro com o que se busca,
é o final do rumo,
parte tão importante quanto qualquer fragmento do percurso.
O utilitarismo dos fins rouba a poesia do presente.
Simplesmente viver...
valorizar o agora e ter a capacidade de vê-lo,
sem pressa de chegar ao final.
Chegar ao final...
sem ver o agora é ser vazio, não é o Nada Criativo,
mas sim, a angustia alarmante do caminho perdido.
Credo!
Estar cega de percepção,
sem conhecer como se manter viva.
O germe, que carregamos no núcleo, contém as respostas.
Com os estímulos internos ele se desenvolve e
libera o perfume da compreensão que se molda em chaves.
Cada problema possui sua fechadura.
Primeiro, a procura por sua discreta posição.
Depois, o olho na fechadura para tentar visualizar como compreender.
Envolve-se o problema de atenta concentração.
Algumas vezes tem alguma característica aterrorizadora
que impede de ver a verdade,
mas aos poucos se descobre formas de se aproximar dela.
Quando for desvendado, parte suficiente do enigma,
a ponto de ser reproduzido interiormente, o instrumento revelador surge.
O momento mais esperado, não é o mais importante,
pois a tensão mais forte foi gerada quando parecia indecifrável.
A metamorfose é realizada... cada fase em seu tempo.
O caldo transformador ferve,
enquanto seus ingredientes são reconhecidos, escolhidos e dosados.
A sabedoria do tempo interage, trazendo as escolhas,
e os resultados colhidos,
logo adiante numa dança rítmica cósmica na harmonia da natureza.

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