sábado, 23 de junho de 2012

Novidades

Espetáculo é acordar a vibração dos póros
ao tocar as cores e sentir a sua temperatura.
Vida,
chama por todas as percepções
instantâneas ou não, chegam ampliando a realidade.
Esse "sentir" que atravessa todos os racioncínios.
Enche o olhar com entrelinhas-leitoras e condensadas
interrogações sobre a verdade e suas manisfestações.
Mesmo que sejam transitórias e sempre o são.
O sol incandescente de vontade abre a cortina...
para uma cidade inteira interligada de múltiplas possibilidades.
Os pontos pulsam  em cores e vidas a se conectar.
O intento está no ar e faz acordar o dia
com o fio que faz tecer a história de se fazer nascer.
De sentir prazer
De correr até não puder mais
e alcansar o distante
como se perto estivesse
Viajar
e voltar com as mudanças realizadas.
Estender o universo em  si-mesma
Sentindo as transformações em células
a criar um novo existir.
Olhar para o que há em volta com outras lentes
com cores que não conhecia.
A luz foca em outras direções a sererem experimentadas
e a percepção usa sentidos que se descobre recentemente.
Surgem escadas e novas portas.
a gravidade se desloca
O novo se abre
as possibilidades dançam
convidando com seus véus esvoassantes.
Mais e mais descobertas realidades.







Recomeços....nova fase.

terça-feira, 8 de julho de 2008

Sobre a vida, sobre ela

Na noite escura,
sem saber.
Um quadro sem cores, sem tela,
Com a escuridão de sentinela.
O silêncio total.
Sem limites.
Sem bits.
Sem ar – a perenidade – sem possibilidades.
Sem luzes para sinalizar,
O breu que cega.
Tudo o que um dia escrevi:
Fogo, cinza, pó.
Sem chão, sem dó.
O filme, não há, nem espectadores.
Nada molda o ser que lateja solto,
Girando pela periferia.
Sem perceber que a música havia acabado,
De repente, uma explosão e foi jorrado todo o turbilhão
De esperanças e lembranças.
Tanto as memórias,
como os objetos, marcadores de momentos
que estavam prontos para morrer.
A pedra começava a fluir com o curso do rio.

Ela que tanto admirou o movimento das águas.
Agora se entregava à correnteza.
Vibrava! Dançava na música da natureza.
Soltou-se do fundo e sem asas voa.
Não se importava com o percurso, ia...
Seguia seu coração de pedra viva.
Descobria seus instintos ancestrais,
Selvagens de ser apenas o agora,
e quase brilhava por isso.
Derretia com a energia do sol e
transcendia suas limitações,
voando nos braços libertos das águas.


Num banho de sol a beira da água,
Nua dos detalhes conceituais de si mesma.
Os raios penteavam seu corpo,
Brilhando seus póros e
Incandescendo sua alma.
Ao longe, surge ele,
o transformador das matérias.
Identificou a espécie bruta
Em sua demonstração de existência.
Colheu-a com os olhos febris de desejo
por moldar conforme suas inspirações
mais intensas e imediatas.
Por um segundo, invade um forte arrepio,
talvez um choque, que quase lhe fez perder os sentidos,
e assim a pedra volta para sua liberdade.
Segue seu caminho intacta das intenções alheias à
sua interioridade.

Na descida, imagens rápidas.
Sua passagem a sacudia, talhava, empurrava,
embalava, acordava, ampliava sua percepção sobre o rio
e sobre jornadas.
Chocava-se com outras pedras e as soltava.
Com outras conhecia impulsos novos de seguir o fluxo.
Cada ação moldava sua forma.
Cada solavanco, e ela, não era mais.
Permitia os segundos que se fossem.
E de tão pouco que se tornava, ampliava-se.
Quanto mais tiravam dela, mais ela se expandia,
Do fundo à margem.
Quanto mais seus pedaços se espalhavam pelo caminho,
Menos ela se importava.
Assim foi rolando pelo rio,
até que a pedra se transformou no próprio percurso,
espalhada e viva.
Sua vida.
Seu rastro.
Sua dissolução.
Seu ser.
Sua nova inteireza.
Vibrava completa,
Em comunhão com a correnteza.
A Pedra se tornou o rio,
E o rio também a pedra.

sábado, 19 de abril de 2008

Caleidoscópio dos sentidos

Faltava a ela acreditar. Mesmo usando óculos sua visão era turva, como em frente a um nevoeiro. Sabia que lhe faltava algo, mas o fato da vela apagada, e na ausência de lâmpadas no local impediam a imagem de se apresentar. Sentia o vento a organizar seus cabelos e o sopro a enchia de vida, porém era preciso descobrir o que sua alma ansiava.

Ouvia o vento sussurrar o que ela perguntava, mas entendia estranhamente, só com a saciedade. O relógio virava o contrário e os morcegos saiam para usar suas asas na liberdade. Então, sentia o frescor, conhecia essa mensagem. Talvez, aprendesse com eles a ter visão sem luz. Atrás deles estavam os faróis que esperava para admirar e para iluminar o que ela queria ver.

Deitada na rede a brisa da noite esvaziava suas expectativas e anseios. Estava satisfeita, era tudo que precisava. Unicamente, percebia o cenário. O que havia de mais simples era o que lhe trazia alegria. Sabia disso, mas esquecera por tempo prolongado o que a alimentava. Sua alma faminta mostrava os sinais, pressentiu que colocaria o que havia construído a baixo. Uma imensa urgência instalada em seu coração gritava para que a seguisse.

Passos firmes no imenso breu, vez ou outra ousava – estava se reiniciando lentamente, enquanto a confiança brotava, faria com que seguisse a caminhar no escuro. Assim estava se alimentando, nutria sua interioridade e regava seu solo – sua individualidade. Voltou a produzir o veneno fitoterápico, segundo os fins futuramente utilizados. Guardava em seus póros enquanto alterava a fórmula. Haviam muitas descobertas e precisava experimentar as novidades e aplicar à roda de intensidades. Mesmo com todas as alterações continuava a ser veneno puro daquele que mantém a alma intacta.

Tirar a consciência do umbigo e entregá-la ao foco apontado. Entregar-se ao centro e mergulhar em profundidade. Deliciar-se na matéria observada e, por fim, chegar ao ápice de ser. Esvaziando sem classificações, julgamentos, análises ou comparações. Só vem o milho de pipoca que estoura em estar presente. A alma branca de satisfação, o retorno, pleno e brilhante como aqueles que festejam por completo o momento.

quarta-feira, 9 de abril de 2008

Confesso!

Sem decidir qual era o teu papel nesta história, estava esticada de um
extremo ao outro. Do mais sublime sentir ao vazio da tua presença. Gostava de
ver seu reflexo nos outros, projetava luz dos olhos e sorria muito voltando para
casa. Ficava tonta, quando escapava de mim mesma e me perdia no teu rosto.
Nunca desvendei um sorriso como aquele, lançador de flashes de encantamento e
quando voltava a minha própria presença estava mais perdida, quase sem saber
como disfarçar, o impacto diário que a tua existência me causava.


No interior da casa era a sombra que se mostrava, então não dormia. Até que cansou de espalhar si mesma em tudo. No rosto ele impresso. Pintava todas as cenas que via com a sua cor. Ao sair, para compartilhar o mundo, aprendia a invisibilidade – sabia o que fazia quando o encontrava. No início, um pouco desajeitada, meio técnica e engraçada, pois escapavam frases sem sentido, perdia o proposital (por não ser do mundo, pelo menos naqueles instantes). Depois, vestia seu ar de inocente, mas somente para que ele se soltasse e então esperava a reação. Quase sempre dava certo. Media a situação com a cara de quem não está pensando. Quando o nível de confiança havia subido até o aceitável, parou de se defender do que sentia.

Ela via... estava estigmatizado para confirmar a sua originalidade. O trágico dia havia deixado utilidade. Sentia o ombro rir com a caneta, mas era interiormente que havia assinado. Na sua vez, a marca que ele podia atestar a veracidade, ela havia disfarçado. Ela podia sorrir o quanto quisesse e ele não saberia a verdade, seria quase injusto, se não soasse o nome revelador.
O veículo temporal passava, velozmente, por todas as esquinas daquela história, o passado e o presente, em fim, um só. Permitia que suas impressões se misturassem a ele, lentamente como se entra num rio pela primeira vez. O ritual era cumprido, rigorosamente, etapa por etapa. O ar solene, já era de se esperar, pois o tempo estava parado.

Ficou muda como costumava acontecer. Precisava encontrar o ponto inicial. Como acertar a tomada no escuro em território desconhecido, sem tatear?
Quase em outra vida o impacto torna a acontecer. Ela pára e percebe quase sem acreditar. Mergulhou nos olhos dele completamente sem ar. Ele era tudo que ela respirava. Experimentou com a mesma profundidade que um dia o marcou. Ao perceber que continuavam os mesmos, uma vida inteira entrou naquele instante.

Ela o toca com a mesma impetuosidade de quem pretende ligar a luz. Tão logo ela acende não existe mais tomada. Instantaneamente, o foco muda para o ambiente iluminado. Nos olhos dele nasce novamente, sua alma retorna pela luz que ele devolve ao seu olhar.

Ria, sarcasticamente, pela última vez. E, de repente, não era mais.

Deixou no banco da praça deserta a sua pele despida, em noite de lua, rumo ao lago com a sua alma nua. As árvores, rodeavam-na, formando um círculo a lhe observar. Suas testemunhas dos tempos impressos naquele lugar. Quase destituída de ser a mesma de tantas sessões como aquela. Só se entendia universalmente, quase não conseguia ser individual. Seus pés, tocando as pedras vivas, impulsionavam-na de volta. Faziam parte da sua vida, eram pedras. E os braços do vento a puxavam de um lado ao outro, divertindo-se com ela. O manto da noite entorpecia seus sentidos, e a água gelada fazia com que sentisse ainda mais viva, brindando a eternidade daqueles momentos. As estrelas piscavam em sua linguagem cósmica. Na pedra mais alta lia o mais antigo livro no teto da sua vida.

Pertencia aquele lugar. Era tratada e reconhecida por sua natureza verdadeira, livre. Sua existência não cabia em jogos de egos. Ainda selvagem, instintivamente, buscava a origem. Sabia como agir sem pensar. Ali perceber era seu único compromisso. Num longo sistema de igualdades que se estabelecia, espontaneamente, com tudo que a acompanhava.

Viva - o estado mais precioso. Seu conhecimento de ligação com tudo que é sagrado. Assim cumpria sua experiência religiosa. Na mais intensa vibração dos seus pulsos. Rezava vivendo. Hidratando seu espírito com a água primordial. No mais profundo silêncio, simplesmente ouvindo, humildemente receptiva.
Cruzam-se mensagens das estrelas com as que chegam das profundezas da terra. A água filtra as palavras que projetam-se da sua mente, e o sol nasce incandescente, transformando as dádivas em promessas para o mais novo presente.

Lembrei da tomada de luz. Agora você vem comigo!

quarta-feira, 14 de novembro de 2007

“In tu ir” e vir...


Lago calmo,
Calando tudo que a visão alcança.
Pelo olhar a contemplação,
olhar com força e exaltação,
por ligar – como rio se une ao mar.
Nuvem que sou,
pois preciso sentir.
Sedenta por entender o toque
da água, o vapor que envolve
e mistura os limites do divisível.
Grito o silêncio!
Não por imposição,
mas por vida.
Voar, ser e mergulhar,
estar no aqui e ao longe.
Não ter forma e ser tantos personagens
quanto a mente puder criar, como exige a vida e outrossim
da forma proibida...pois ela diz através do eco social,
vc só pode ser um.
O eu é pequeno de mais.
Não o usar é deixar a proteção em casa,
Ser livre.
Não temer as investidas testadoras do destino.
Ser sem amanhã, depois ou prudência.
O futuro pertence aos outros.
Só tenho alguns agora solúveis.
Também não há formas, regras ou pretensões.
Como um plasma decifrador do que se busca,
Sem plano, projeto ou estratégia.
O secreto livro dos pontos
contou a história tal como aconteceu.
Quem liga para o livro?
Páginas negras com letras invisíveis...
Só lembramos ao dormir da linguagem.
E, ainda, fizeram com que realizasse o juramento,
Saber apenas quando não pensasse!
O pacto foi firmado
O selo que se queima, tatuado..
Solenemente.
(a sensação do eterno cristalizou o momento)
Porém, as mudanças seguem...
E o barco continua a atravessar os ventos e a tela
que ele ultrapassa.
Há realidades mais encantadoras que sonhos.
Morar com vista para o inconsciente
é estar na tela para ser redefinida com a
mudança dos ventos.
E as mãos invisíveis com seus cantarolantes
assobios escovam os pensamentos
que se transformam em fios que tecem
o caminho das estrelas até a cabeça.
É o entrelaçamento pronto.
Desce a intuição.
A intuição como parte do trajeto
até a fonte –
o ponto de luz que serve a taça capital...
Aos brindes!
Saltam gotas...
Colhendo-as, quem está?
Antes que se dissolvam no ar!

quarta-feira, 31 de outubro de 2007

O Ponto


Quero o amplo salão
Para acomodar pensamentos,
destes coletivos, silenciosos
e com outras pessoas em atividade libertadora!
.
.
Para alcançar o teto é preciso ser leve,
Do tipo livre.
Quando, acidentalmente, caiu o regulamento,
Espatifando-se....
.
Caí ao contrário.
Arrebentei-me da melhor forma,
Pois, comicamente, fui esparramada no teto.
Desajeitada foi minha iniciação à anarquia.
.
Assisti a estréia,
como o despertar dos sentidos.
.
Do teto, sentia minhas próprias dores e risos.
E todo o meu corpo falava em coro.
De repente, era a coletividade em mim...
.
Silêncio....
Cochichos
.
Silêncio.
.
Olhos arregalados,
Coração disparado,
Transpiração febril.
.
(Espanto!)
.
.
.
.
O eu era apenas um representante
de uma população fervilhante a se manifestar.
São milhares...!
Uma diversidade de seres,
A opinar e apresentar seus projetos...
Um eu-nação a ganhar consciência de si-mesmo.
Antes achava ser só silêncio!
A atividade agregadora foi descoberta.
O contato com novas realidades aumenta a multiplicação,
desses, ainda, estranhos seres interiores.
Sim, já os conhecia, mas não assim, cara a cara.
Conhecer pela fisionomia confere maior intimidade,
Ainda que conhecesse seus pensamentos.
.
A contra-lei da gravidade.
Mas em favor de outras mais.
E contra um tanto, e sem um monte de aspectos outros...
Era quase alguma coisa, sem tê-la tornado ainda.
.
Não posso coadunar com a hipocrisia
de ousar não ouvi-los.
Vou considerar seriamente seus avisos.
Eles que tanto me salvaram a vida ao gritar...
.
Meu povo de heróis e canalhas!
As boas ações constam nos albuns,
estas todos conhecem...
As outras...
estão dentro..se vistas com verdade, serão identificadas fora tbém...
Um bando amontoado na escuridão dos sentidos.
São fitados nos olhos com calor e, aos poucos,
contagia com uma felicidade dolorida e necessária.
.

.

.
Invoco,
Coragem,
Força,
Integridade!!!
.
Para continuar firme a olhá-las.
Conhecendo seus pensamentos sombrios.
Entendendo e não sucumbindo a virar o rosto.
.
Dos relâmpagos ao roncar do chão.
Não a sua intimidação.
Os raios partem as alturas
E a concentração continua.
O desafio permance a abalar...
Contudo há uma tarefa a acabar.
.
Há um intento...
Aprender o desafio.
A terra gira velozmente para derrubar,
E o local mais improvável, prende a todos de sair voando.
É o inominável?
.
A chuva vem do espaço onde achava ser o Nada.
Traz as altas temperaturas.
É Preciso mergulhar no Caldo.
Corpo, luz e sombra a se unificar.
Quem nasce de novo passa por lá.
Assombrada pelo pavor do não suportar...
Ferve o conteúdo.
Passam 7 períodos.
A Espera, a espera...
.

.

.
Surge a vida renovada.
.
O círculo fechado,
Contraiu o espaço final.
O ponto que condensou o pensamento
Compactada a experiência.
No núcleo.
No centro.
Na fechadura do ser,
onde a luz anima
o centro da vida.
O forno que transforma a alma.
O início e o fim.
É o ponto.
Existem coleções deste.
.
Olhem à noite!
O grande texto
de pontos luminosos instigando
a sua própria leitura.